Introdução à filosofia (1)

INICIAÇÃO À FILOSOFIA

O que é Filosofia?

Uma das perguntas mais ousadas do pensamento humano é tentar entender o significado de FILOSOFIA. Alguns a entendem como a “rainha das ciências”, sendo acima a ciência mais universal em relação às outras ciências como a biologia e a física. Uns afirmam ser a informação sobre a composição do universo, para outros é o inverso disto: uma atividade racional com base nos argumentos e na crítica das evidências.

Num antigo conceito a FILOSOFIA é a Amante da sabedoria. Seu papel inicial era moral, virtuoso e ético. Grande parte das definições são divergentes e incoerentes: A filosofia analítica, por exemplo, tem a função de estudar os conceitos, definir os termos filosóficos, e científicos e esclarecer a linguagem das ideias.

Frases dos filósofos

“A Filosofia começa com a admiração” (Platão).

“FILOSOFIA é a batalha entre o encanto de nossa inteligência mediante a linguagem” (LUDWIG Wittgenstein).

“O problema crucial é o seguinte: a Filosofia aspira à verdade total, que o mundo não quer” (KARL Jaspers).

“A música exprime a mais alta Filosofia numa linguagem que a razão não compreende” (SCHOPENHAUER).

Atividades

1. Identifique o significado das figuras/desenhos/fotos da apresentação;
2. Quais as principais características da filosofia apresentadas?
3. Qual conceito melhor representa o significado da filosofia segundo a sua compreensão?

INICIAÇÃO À FILOSOFIA (2)

Os problemas filosóficos parecem importantes para as preocupações humanas e possuem ramificações complexas e são possíveis de constante reexame, à luz do conhecimento científico, das experiências éticas e religiosas. Soluções melhores são buscadas por métodos refinados e rigorosos.

1. Formas de Conhecimento: mito, ciência, religião e senso comum

O conhecimento se constitui de uma diversidade de formas. O mito é uma delas e existe um tipo de racionalidade que em outras formas não há e sua necessidade parte de um questionamento sobre o mundo, os sentimentos humanos e as realizações humanas. A religião é outra forma de conhecer a realidade, pois as estruturas que a formam explicam o universo e os sentimentos humanos através de instituições, regras, moralidades e ações que procuram justificá-la. A filosofia representa a maneira de se aproximar da realidade através da razão e seus argumentos são formulados a partir dela. A Ciência representa a forma de conhecimento bem específico, isto é, conhece apenas uma realidade particular. São elaborados conceitos, juízos e raciocínios para o alcance da demonstração por meio das experiências e do raciocínio lógico, busca-se meios para a sua verificação. A biologia só conhece as questões da vida, a matemática os números, a química os elementos da natureza, a física o movimento, etc.

Quanto às formas de conhecimento pode-se afirmar que todos possuem seu valor. O conhecimento mitológico serviu no passado, e ainda serve, para proporcionar a identidade de um grupo social, pois seus pensamentos são voltados para um conjunto de regras sociais elaboradas com base nos mitos e são importantes na justificação dessa identidade. Em relação ao conhecimento religioso (ou teológico), possui uma racionalização acerca das explicações do mundo, portanto suas elaborações são constituídas de dogmas, ritos e símbolos que alcançam a vida humana, no sentido de tornar as dificuldades da vida mais aceitáveis e ajuda nas condições psicológicas dos grupos sociais que deles participam. O conhecimento filosófico reflete sobre o sentido da totalidade das coisas e faz um reexame dos conhecimentos adquiridos e os questiona. O conhecimento científico representa a elaboração e a sistematização de ideias no mundo prático, sendo que a técnica pode formalizar esse conhecimento através das construções elaboradas pelos seres humanos.

O senso comum, outra forma de conhecimento baseada na experiência do dia a dia, funciona como um meio de sobrevivência para todos os seres humanos. Nesta forma de conhecimento o tipo de racionalidade não se preocupa com métodos para a sua formulação, não que tudo nela seja errôneo, mas há despreocupação com relação a isto.

2. O conhecimento filosófico

A compreensão da busca do conhecimento passa pelo entendimento de suas formas e elaborações. O conhecimento filosófico, de alcance criativo, crítico e sistemático, procura formular novas perguntas sobre a realidade da natureza e a humana.

No entender de Vera Portucarrero (1994):

A dinâmica e as possíveis interações das ciências, da filosofia em geral, da epistemologia em particular e da história das ciências consistem num dos mais importantes temas do debate intelectual contemporâneo. A imagem e um tetraedro proposta recentemente pelo filósofo francês Michel Paty é uma das possibilidades de expressá-las, acentuando que cada uma daquelas áreas de conhecimento, representada pelos vértices do tetraedro, se relaciona e se enriquece no contato com as outras, mas sempre de maneira peculiar e assimétrica. O tetraedro, eclético, preserva os espaços de cada disciplina e ressalta a riqueza de sua combinatório.

Daí se compreende que as formas de conhecimento não estão separadas, mas em constante interação. Esses conhecimentos aos poucos passam a se relacionar e não necessariamente por oposição. Há neste sentido uma espécie de interdependência das diversas formas de conhecimento.

Há no entender da autora uma sinergia na diversidade que ajuda no entendimento de fenômenos complexos e que tais abordagens proporcionam um deslocamento na filosofia e nas ciências. Thomas Kuhn rompeu com a visão de uma ciência como autônoma de produção de verdades e surgem novas abordagens como a análise das controvérsias. (PORTUCARRERO, 1994).

O alcance do conhecimento filosófico proporciona este tipo de ampliação. O conhecimento se amplia, se abre, para e serem formulados em outros termos, dando outro sentido ao já compreendido. O objetivo destas novas formas de entender o conhecimento científico é questionar as abordagens reducionistas, também conhecidos como cientificismos (PORTUCARRERO, 1994).

Pela razão, a filosofia proporciona a análise de ideias, formulação de conceitos, pelo processo dedutivo e da coerência lógica. Procura, portanto, questionar os problemas humanos, responder às indagações do espírito humano, buscando leis universais e totalizadoras.

Atividades

1. Qual a diferença entre a “experiência” e a “experiência cotidiana”?
2. Diferencie a verdade científica e a verdade filosófica:
3. Quais as características do conhecimento filosófico que a diferencia das outras formas de conhecimento?

REFERÊNCIAS:

PORTUCARRERO, Vera (Org.). Filosofia, história e sociologia das ciências I: Abordagens contemporâneas, [livro eletrônico], Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 1994.

SANTOS, Boaventura de Souza. Introdução a uma ciência pós-moderna. Rio de Janeiro: Graal, 2002.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico, 22ª ed., Rio de Janeiro: Cortez, 2002.

PRESTES, Maria Luci de Mesquita. A pesquisa e a construção do conhecimento científico: do planejamento aos textos, da escola à academia. São Paulo: Rêspel, 2007.